TEXTO EM CONSTRUÇÃO

OBS: O texto teatral a seguir já foi corrigido, foi subdividido em 15 cenas e já está sendo ensaiado, só que não foi aqui exposto a pedido da equipe de educandos.

TEXTO TEATRAL EM CONSTRUÇÃO

O MULATO - [1881]

(autor: Aluísio Azevedo) 

Adaptação: 
Estudantes do C.E.Profª Lêda  Maria Chaves Tajra
 Bacabal - MA/BR

PERSONAGENS:

1- Manoel Pescada= Manoel Pedro da Silva (Manoel Pedrosa= pai de Ana Rosa)
2- Ana Rosa (filha da falecida Mariana com M. Pescada)
3- Dona Maria Bárbara (sogra de Manoel Pescada)
4- D. Eufrasinha (viuva)
5- Caixeiro Luis Dias (empregado de Pescada) 
6- Conego Diogo (compadre de Pescada)
7- Raimundo (o Mulato= sobrinho de Pescada e filho de José...)
8- Benedito (moleque da casa de Pescada)
09- Domingas (escrava, mãe de Raimundo)
10- Manoelzinho/Benedito (menino apressado)
11 - Freitas (desquitado e funcionário público)
12- médico
13- Srª Dona Quitéria
14- Dona Bibina (a Bernardina)
15- Etelvina
16- Maria do Carmo (nervosa e de 50 anos)
17- Dona Amância Souselas (velha de boa memória, linguaruda e encalhada)
18- Lindoca (filha de Freitas, com 16 anos)
19- José Pedro (irmão de Manoel Pescada)
20- Brígida (criada de M. Bárbara)
21 - Cancela
22 - Amância Souselas
23 - Escravo 1
24 - Caixeiro 1 


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CENA 1
CAPÍTULOS : 1, 2 e 3

FRACIANE FÉLIX CARVALHO

ANTONIO WESLEY FLORÊNCIO PEREIRA

GLEICIANE DE SOUSA DO NASCIMENTO

ANA BEATRIZ DA SILVA RAMOS

SANDRA LUANA ALVES DAS CHAGAS 




CENA 1:

* *Na sala de jantar na casa de Manoel Pescada o calor das 14 horas é insuportável, Ana Rosa está recostada á mesa ainda desfeita pelo almoço e o pai a balançar numa cadeira preguiçosa...
MANOEL PESCADA – Então Ana Rosa, que me respondes? ...bem sabes que não te contrario... Desejo esse casamento...  eu desejo. ...maaas, em primeiro lugar convém eu saber se ele é do teu gosto... (segundos de silencio)  Vamos! Responda!

*Ana Rosa continua calada e o pai continua:

MANOEL PESCADA –  (abrindo um folheto) – Que tal o Dias?
ANA ROSA – (muito espantada) – Com o Dias papai?
MANOEL – Com o Dias sim! Homem muito trabalhador!
ANA ROSA – (sorrindo irônica) – Ora papai!

*Depois de um longo silêncio Manoel continua:
MANOEL- (desapontado) – Eu faço muito gosto minha filha, não me dar se quer uma esperança?
ANA ROSA –(desestimulada) – Pode ser...
MANOEL – (levantando-se da preguiçosa, insiste ansioso sem querer magoá-la) – Mas Ana Rosa, o Dias já é como se fosse...

*Cônego Diogo, amigo velho de Manoel, entra interrompendo a conversa.
CONEGO DIOGO – (entrando) – Dá licença!?
MANOEL – Vá entrando compadre!

*Ana Rosa fez gesto de cumprimentar o padre Diogo e foi se retirando... o Cônego vai até a janela e fala:

CONEGO DIOGO – Êta compadre, faz gosto morar aqui nesse pedaço de São Luís, essa vista do Bacanga e esse ar fresco é de impressionar!
MANOEL – (curioso) – Trás alguma novidade compadre? Sei que não veio aqui pra falar dessa vista do Bacanga!
CONEGO DIOGO – (sorrindo e com ar de fofoqueiro) – O compadre já sabe que Raimundo o filho bastardo do teu irmão Jose, tá chegando?
MANOEL – (assustado) – Raimundo? Como sabes?
C. DIOGO – Ora, uma correspondência que  Senhor Peixoto me mandou de Lisboa , mas ele avisou que também estava enviando uma carta pra você.
MANOEL – É? Pois num recebi nada até agora...
CONEGO DIOGO – Mas o compadre já sabe que ele não quis continuar os estudos em teologia né? Sabe que ele segue a carreira de advogado?
MANOEL – É, isso eu sei! Mas um sobrinho bastardo e logo filho de uma preta escrava!
C. DIOGO – (resmungando) – Que diabos ele ainda vem  fazer aqui no Brasil!
MANOEL – (curioso) – O que você disse compadre?
C. DIOGO – (descartando o desagrado) – Não, nada só uma lembrança que passou pela minha cabeça.
MANOEL – Huumm! Não sei onde meu irmão estava com a cabeça pra fazer um filho logo numa negra! Será que Raimundo ficou negro também? ....   O que você acha de eu receber ele na qualidade de meu sobrinho?
C. DIOGO – Sobrinho bastardo... além de bastardo filho de uma escrava. Que diabos tem você a ver com as cabeçadas do seu irmão José?
MANOEL – Mas compadre se eu rejeita-lo não vai pegar mal para mim?
C. DIOGO – Mal porque homem de Deus? Isso nada tem a ver com você!
MANOEL – Será que devo hospedá-lo na minha casa?
C. DIOGO – Bem, por obrigação, todos sabem que deve muito ao seu difundo irmão, o povo como tem a língua grande poderia até sair falando por aí se não o hospedasse, mas por outro lado meu amigo, nem sei o que lhe diga!

* Manoel se manteve em silêncio

C. DIOGO – (malicioso) - Homem, seu compadre, isto de meter rapaz em casa é o diabo!
MANOEL – Em todo caso...Talvez coisa de um mês... Além disso não me convinha desagradar o rapaz... seria até uma fineza que me ficava a dever... porque ... enfim..... vc sabe que....
C. DIOGO – (angustiado) – Psiu! (cortando a conversa) – hospede o homem!

* Subitamente entra Ana Rosa, pálida, passando mal.

ANA ROSA – (desmaiando) – Papai eu...

*Os dois ficam aflitos e correm em defesa da moça.
MANOEL – (grita aos berros) – Benedito!  Corre aqui! (pegando a filha no colo) Ana Rosa, acorda minha filha!

*Benedito aparece ofegante da carreira.

C. DIOGO – (para o moleque) – Calma moleque! Parece bicho do mato! (para Manoel) Calma compadre! Ana Rosa vai ficar bem!
BENEDITO –(assustado) – Mas o que ela tem? Ela é tão boazinha! Ela vai morrer?
M. PESCADA –(irritado para o moleque) – Para de falar asneira, moleque! Corre atrás do doutor! Diz que é urgente! Ana Rosa passa mal! Vai!

* Os dois tentam reanimar a moça até que ela retorna do desmaio e logo chega o médico com sua maleta de primeiros socorros na mão e óculos na ponta do nariz.

MÉDICO – O que houve? Desmaiou?
MANOEL – É... de repente...
C. DIOGO – Tá precisando se confessar viu Ana Rosa, não tem ido muito a igreja...
MÉDICO – Podem se retirar um momento?
*Os dois se retiram...
MÉDICO – (para Ana Rosa, examinando a pressão) – Tem se alimentado e dormido bem?
ANA ROSA – Sim doutor! Só ando um pouco preocupada!

*O medico pede para olhar a língua depois olha as pálpebras dos olhos e pede que respire fundo.

MÉDICO – Você precisa sair mais de casa, tomar uns banhos de mar...

MEDICO – (gritando) - Senhor Manoel! (Manoel entra) – Se quiser dar saúde a sua filha, trate de casá-la logo.
MANOEL –(assustado) – mas o que tem ela doutor?
MEDICO – Ora o que tem ela! Tem 20 anos meu amigo! Está na hora de fazer seu ninho! Mas   enquanto não chega o casamento,  ela que vá dando seus passeios a pé. Banhos frios, exercícios físicos, precisa se alimentar bem e se distrair, se divertir.
MANOEL – (desconfiado resmunga) – Rum! Será que essa menina anda aprontando?
C. DIOGO – (curioso) – Está tudo bem aí?
MEDICO – Está tudo bem, nada de grave. (para Pescada) – Olha lá! Depois me procure para acertarmos.
M. PESCADO – (apertando a mão do médico) – Sim, claro! Obrigada doutor!

* O médico se retira e Manoel fala para afilha:

M.PESCADA – (preocupado) – Filha, onde está sua vó? (grita) Dona Bárbara! (para si mesmo) – Onde se enfiou esta velha rabugenta! (grita novamente) Ô Bárbara!

*Aparece Bárbara, a velha briguenta.

MARIA BÁRBARA – (assanhada e muito irritada) – Que diabos é que tu quer Pescada, não posso nem tirar mais uma perereca nessa casa? O que foi dessa vez? Se não fosse por minha neta Ana Rosa eu não estaria mais aqui!
M. PESCADA – Ah é? E onde você estava quando sua neta precisou de você na hora do desmaio? Dormindo né sua linguaruda? É só o que você sabe fazer, dormir, xingar e falar mal da vida alheia!
MARIA BÁRBARA – O que? Aninha desmaiou? (em direção a neta) – Perdoa minha filha! Eu me senti tão cansada que acabei pegando no sono! Como está se sentindo! Vamos para o quarto! Conta-me tudo que aconteceu...

*As duas saem de braços dados e os dois  homens saem de cena para o lado contrário conversando baixinho enquanto as luzes escurecem e troca-se de cenário – Um quarto escuro onde numa cama sob uma luz reluzente sobre seu corpo deitado, encontra-se o Cônego Diogo se revirando todo enquanto sonha. O foco de luz se apaga... o cônego agora observa escondido a discussão de José com Maria Quitéria:

MARIA QUITÉRIA – (irritada aos gritos atacando Raimundo enquanto o mesmo  se defende)  – Seu desgraçado você me paga, casei com você porque acreditei na seu amor, porque o amo , mas pelo visto você não merece seu vagabundo, fica de conversa com aquela negra podre, fazendo agradinho pra quele nigrinho nojento! Fala pra mim José! Fala! Aquele piolho de gente é seu filho? Você teve coragem de se deitar com aquela maldita negra Domingas?
JOSÉ PEDRO – (nervoso) – Fica calma Maria Quitéria! Para de desconfiança! Eu amo é você minha mulher! Deixa de besteira!
MARIA QUITÉRIA – Calma!? Eu vi com meus próprios olhos, você segurando e beijando aquele tapurú ! Eu vi José! Você fazendo carinho no rosto daquela maldita escrava! Como pode fazer isso comigo! Vou me vingar seu maldito! Você vai ver!
*José tenta segurá-la.
M. QUITÉRIA – Me larga! Saia desta casa! Já fui viúva uma vez posso ficar de novo! (pega um pedaço de pau e tenta jogar em José) Não quero nunca mais olhar pra sua casa ou eu mato você seu desgraçado!
*José deu-lhe um soco que Quitéria caiu , em seguida sai correndo, quando entra o Padre Diogo e encontra Quitéria aos prantos ainda no chão.
P. DIOGO – (todo comovido olhando para os lados para ver se estava sendo vigiado) – Quitéria minha querida, o que houve? Sua criada foi me chamar muito aflita!
M. QUITÉRIA – Ai padre, minha vida acabou, meu marido me traiu com uma escrava nojenta, sou mesmo uma desgraçada!    (segurando as pernas do padre) Me ajude, preciso tanto do seu apoio nessa hora! (o padre a ajuda levantar e ela como querendo beijá-lo olha no rosto...) - Preciso de você padre! Por favor!
PE. DIOGO – Calma minha filha, eu também preciso demais de você Quitéria e seu marido merece mais que um par de chifres. Um safado!  Vamos combinar uma coisa.... (o padre cochicha no ouvido da mulher).
M. QUITÉRIA – (reanimada) – Amanhã padre! Amanhã! Hoje tenho uma missão muito importante a fazer, nem Deus irá me impedir!
PE. DIOGO – (assustado) – Quitéria sei do seu gênio, mas não duvide das coisas de Deus! Não faça besteira!
M. QUITÉRIA – Não se preocupe, não vou fazer nada demais! (dá uma gargalhada).

* O padre se despede, retira-se e Quitéria indignada pega de um baú velho, uma luva preta e veste-a, uma máscara e põe no rosto, um ferro de marcar animais, um chicote, uma mordaça, põe tudo numa mochila velha de couro e sai de cena. As luzes se apagam para a troca de cenário...

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*Na sala está Manoel Pescada na sua cadeira de balanço com sua esposa Mariana quando subitamente entra José muito nervoso com um bebê no colo, os dois se assustam.

JOSÉ – (muito nervoso e desesperado) - Meu irmão, preciso demais que me ajude! Estou desesperado! Mariana, minha amada cunhada, cuida desse inocente pelo amor de Deus, ele está em grande perigo, não posso deixar que o maltratem, ele é só um inocente.
MANOEL – O que é isso meu irmão? Que criança é essa? O que houve com você?
JOSÉ – Te explico depois meu irmão! Só cuida desse menino como se fosse da minha vida!

*Mariana pega o bebê nos braços com muita ternura...

MANOEL – (irritado) – Já entendi! Você sempre aprontando né rapaz? Quando vai ter vergonha e parar de fazer tanta burrada? Até quando vou ter que ficar com esse moleque aqui em casa?
MARIANA – Calma meu marido! Eu quero cuidar desse menino é tão lindo! Fica calmo José, eu cuido da criança.
JOSÉ – (ajoelhando-se aos pés de Mariana, agradecido) – Obrigado minha cunhada! Que Deus lhe pague, não vai se arrepender! Por enquanto não deixe que ninguém saiba que esse menino está aqui com vocês... agora tenho que ir.

*José retira-se apressado ... as  luzes se apagam e novamente acende um foco no centro do palco e lá está  uma mulher toda ensanguentada, o sexo queimado em carne viva e pendurada por uma corrente, com ar de quem está sem vida.

JOSÉ – (acompanhado por um escravo berra a toda altura) – Domingaaaassss! (cai de joelhos aos prantos) – porque isso meu Deus! Porque? (para o escravo) – Vamos me ajude aqui! (outros escravos aparecem depois dos berros de José, uma escrava tira a toalha que traz nos ombros servindo de manto e estende no chão, retiram Domingas do tronco a colocam sobre o pano estendido ) – Por favor! Cuidem dela! Ela ainda está viva!
*As luzes novamente se apagam e acendem novamente ... uma cortina divide o palco, entra José... se ouve gemidos, risos e sons de vozes de um homem e uma mulher.

JOSÉ –(curioso e assustado de uma só vez abre a cortina, avança para a esposa ) – Traição! Vagabunda! (cheio de ódio agrudado ao pescoço da esposa a estrangula, quando se dá conta já é tarde demais) .
PADRE DIOGO – Assassino! Você a matou! (tentando reanima-la) – Vais queimar no fogo do inferno!
JOSÉ – (indignado) – Sabes que não é só eu que queimará no inferno, santo do pau ôco! Sabes que será morto a pedradas se o povo souber do seu pecado.
PADRE DIOGO – (muito nervoso ajoelhando-se aos pés de José) – E você? Acha que não vão condená-lo por matar a própria esposa? José tenha calma! Precisamos fazer um pacto, por favor! Isso que aconteceu não precisa ninguém ficar sabendo. E assim nós dois ficaremos livres do escândalo e da fúria do povo.
JOSÉ – Eu não ligo pra minha vida, que façam dela o que quiser, vou denunciar você de adultero, seu padre de merda! Seu mentiroso!
PE. DIOGO – Não, você tem um filho, precisa cuidar dele. ..  Precisamos fazer um pacto, eu fico de bico calado sobre seu crime e você silencia sobre minha culpa. Aceita! Será melhor pra nós dois, eu cuido de dar a notícia da morte de Quitéria. Ela morreu congestão cerebral.
*José cego de raiva e desespero sem dizer mais nada se retira rapidamente do quarto.
* As luzes se apagam para a retirada de todos os objetos do palco, e ao acenderem novamente, está José andando de um lado para o outro sob uma luz azul, a falar sozinho em suas lembranças.
JOSÉ – (sentando no chão) – Triste sorte essa minha! Como vou viver sem Quitéria? Maldito padre! ... e se eu a perdoasse? ...ela talvez até se arrependesse e viesse a ser ainda uma boa companheira virtuosa... mas... e ele? Oh, iria existir, eu não confiaria mais... Antes assim Assim foi melhor!
*Solta-se sons de rasga mortalhas e gritarias de ciganos eufóricos, José assusta-se um pouco curioso e volta aos seus pensamentos.
JOSÉ – E se eu o matasse? (poe as mãos na cabeça desesperado) – Não! Seria mais um crime nas minhas costas! Não! Não! ... (dando murro no ar) – pra que aceitei aquela proposta? Eu aceitei, diabos! Eu aceitei!

·         Sem que José perceba atravessa ao fundo do palco um vulto todo de preto e logo em seguida ouve-se o som de dois tiros e José cai sem vida no chão, da sua cabeça e do peito jorra sangue, de repente surge uma negra magra e em desespero.

DOMINGAS – (desesperada beija as mãos e as faces de José em seguida apontando para os lados grita) – Foi ele! Não foi outro! Foi aquele malvado! Foi aquele padre do diabo! Mas quem o condenará se sua mentira é a verdade? Terra podre! Onde quem fede são os que usam perfumes mais caros! (chora debruçada sobre José) Meu amor branco está morto! Morto! Mortoooo!

*As luzes se apagam para a volta da cama ao palco e em seguida acende-se o foco de luz mostrando o cônego Diogo acordando atordoado.

CONEGO DIOGO – (sentando na cama de uma vez) – Passado infernal que me atormenta! Só de pensar que aquele mulato está chegando não consigo ter calma! Ah essa hora ele já deve está chegando, (ficando de pé) - preciso ficar sempre por perto já que não posso impedir de chegar aqui em São Luis, ele não pode saber da história do pai e da mãe, eu não vou deixar! Eu não posso deixar que saiba ...

*As luzes novamente se apagam para a troca de cenário

(CENA CONCLUÍDA)
 

CENA 2




CAPÍTULOS 4, 5 e 6


SANDEYVISON OLIVEIRA DA SILVA
CÁSSIO DA SILVA DAMASCENA
ALINE SILVA SOUSA
HIGOR SOUSA LEÃO
RENAIANE ALVES DA SILVA OLIVEIRA


*A noite, numa grande sala na casa de Manoel Pescada, Luís Dias  está em um canto, roendo as unhas, imóvel olha Ana Rosa que tocava violão (deveria ser piano). Os visitantes estão ali para conhecer Raimundo. Recostados na janela está Manoel e o cônego Diogo, enquanto do outro lado da sala um grupo de senhoras conversam. Em outro canto Maria do Carmo conversa com Amância Souselas.

LINDOCA – (para D. Bibina) –Ele não é feio...  A senhora não acha, Dona Bibina?
DONA BIBINA – Quem? O primo de Ana Rosa?
LINDOCA – Como? Creio que ele não é primo D. Bibina!
BIBINA – É primo sim, por parte de pai... (apontando para Maria do Carmo com o beiço inferior) e olha ali quem sabe bem da história!
*Ana Rosa termina uma canção e todos a aplaudem menos Raimundo.
TODOS – (aplaudindo) -  Bravo! Bravo! _ Muito bem dona Anica!

*Alguns cumprimentam a artista enquanto Raimundo fuma seu charuto debruçado na janela.

ANA ROSA – (desapontada com a frieza de Raimundo fala sem que ele perceba) -  É  um mal criado!
FREITAS – (entusiasmado para Ana Rosa) – Gente isso é que chamo de moça prendada! Aqui está uma verdadeira Lira da música!
*Após Ana Rosa terminar a canção ao violão, com certo mal humor, senta-se ao lado de Lindoca e Eufrásia corre logo para junto dela.
LINDOCA – (para Ana Rosa) – Que tal o achas! ...
ANA ROSA – Quem?

Lindoca aponta misteriosamente para a janela com um dos polegares.

ANA ROSA – Assim, assim...
EUFRÁSIA – É um peixão! (risos).
ANA ROSA – (admirada e sorrindo) – Que é isso Eufrasinha?  Nunca te vi falar assim!
BIBINA -  Nem eu, desde que o marido  dela faleceu na guerra, se reservou...
EUFRÁSIA – Ah, só tô dizendo que ele não é feio... (ri e morde os beiços) é uma tetéia!
ANA ROSA – Sim, ele não é feio... (impacientando-se) ...mas também não é lá essas coisas!

*O Freitas começa a importunar Raimundo na janela contando anedotas, o mulato demonstrava cansado e insatisfeito com suas histórias., Diogo atravessa a sala desconfiado e sai de cena – entra Maria Bárbara servindo chocolate quente com torradas.


MANOEL – (chama) – Compadre! Olha o chocolate quente homem! Venha cá, você parece meio preocupado! Você nunca me faz falta aqui em casa, mas ontem quase não me apareceu...
C. DIOGO – (recebendo a xicara de chocolate e com ar desconfiado, de olho em Raimundo) – Impressão sua, ontem fui visitar umas beatas adoentadas.
*Todos tomam o chocolate a base de elogios, mas em seguida começam a se despedir.
EUFRÁSIA – (bocejando fala para Ana Rosa) – Ai amiga tenho que ir, já é tarde, depois conversamos. (se despede).
BIBINA – Eita que a merenda de Dona Bárbara é boa demais! Obrigada D. Bárbara!
D. BÁRBARA – Rum, mas não vale viciar não, quando vier da próxima vez assim com a família inteira  é bom que traga alguma coisa pra a gente partilhar!
* Todos riem de Bárbara.
D. BARBARA – (retirando-se com ar de irritada, levando consigo a bandeja) – Vão! Vão embora, já é tarde mesmo, chega de farra! Que trabalha precisa dormir, vem  Ana Rosa vamos dormir minha filha. (Ana se despede e sai de cena logo em seguida).
*Todos se retiram ficam na sala apenas Manoel e Raimundo
MANOEL – Recolha-se doutor, o senhor deve tá cansado e com sono, o seu jeito não nega...
RAIMUNDO – É meu tio, você está certo, vou dormir, mas me prometa que me levará a Rosário quero conhecer onde meu pai morou, quero conhecer minha história.
MANOEL – Você quer mesmo conhecer seu passado? Não será melhor esquecer?
RAIMUNDO – Eu preciso meu tio, sinto um mistério a minha volta, quero saber por que me olham atravessado, como se eu tivesse culpa em alguma coisa.
MANOEL – Está bem, depois falamos disso, vamos descansar né mesmo? Boa noite!

*As luzes se apagam para a mudança de cenário.

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*Uma mesa posta com o café da manhã, nela está Raimundo e Maria Bárbara poe coisas no armário, Ana Rosa ainda sonolenta de camisola com capa de renda entra.

ANA ROSA – (sentando na mesa) – Bom dia Raimundo!
RAIMUNDO – Bom dia moça bonita!

*M. Bárbara enciumada fica perto de Ana e de olho em Raimundo.

ANA ROSA - Vó, ninguém das minhas amigas me procurou?
M. BARBARA – Não minha filha. (para Raimundo) -Ah sim, tem um bilhete da Eufrásia (pega no armário e entrega a Raimundo)  - Pra você, pelo visto  o mulato já conquistou o coração de alguém.

* Raimundo recebe o bilhete e poe no bolso, com um sorriso e Ana de repente fica aborrecida, enquanto tomam o café da manhã vão conversando.

ANA ROSA – Rum! Não reconheço mais a Eufrásia, resolveu se assanhar agora!
RAIMUNDO- (para Ana) – A senhorita sente alguma coisa? Parece pálida!
ANA ROSA – Não é nada só estou um pouco nervosa porque não dormi direito e tive pesadelos durante a noite.
M. BÁRBARA – Não faça caso moço! Esta menina anda assim há algum tempo, se arrepia atoa, sem motivo fica irritada, ninguém me tira da cabeça que foi feitiço que lhe botaram.
RAIMUNDO – (para Ana) – A senhorita acredita em feitiços?
ANA ROSA – Isso é pura bobagem. Eu me sinto
RAIMUNDO – Ah, então não é supersticiosa?
ANA ROSA – Não, felizmente e mesmo que eu acreditasse não correria esse risco... dizem que feitiço só ataca as pessoas bonitas...
RAIMUNDO – Nesse caso, você deveria tomar cuidado.
M. BÁRBARA – (termina de tomar seu café e levantando) – Minha nossa! Já são 9 horas! Tenho que preparar o almoço! (retira-se).
RAIMUNDO – Quero te mostrar uma coisa... espere... (levanta e sai) – Olha só!
ANA ROSA – (curiosa) – O que é isso? Um álbum!

*Raimundo mostra algumas fotos da vida dele em Lisboa e vai explicando o significado de cada uma, quando a foto de uma mulher e Ana pega-a do chão.

ANA ROSA – É uma mulher, e quase em trajes indecentes! (enciumada) – Porque se veste assim? Por que tem essa foto?
RAIMUNDO – (sorrir) – É uma atriz famosa de Paris, só isso. Ela é muito bonita. (toma rapidamente a foto para que Ana não veja a descrição no verso, Ana ajuda arrumar o álbum enquanto fala).
ANA ROSA – Papai já falou a você que amanhã iremos ao festejo de São João na fazenda São Braz?
RAIMUNDO – Ah sim, iremos todos juntos, eu, você, ele, o Dias, todo mundo. Falando em Dias, seu pai insiste no casamento de vocês, hem?
ANA ROSA – mas não quero, minha vó me contou que minha mãe sempre dizia que devemos casar só se tiver amor e não casar pra depois amar.
*Entra Maria Bárbara toda “azeda”
M. BARBARA  - Não já está na hora deparar com esse zum zum zum  de vocês? Acho você muito metido viu moço? Te sai de Aninha! Vai procurar o que fazer, fica só ai de converse, nessa cidade tem muito o que muito no que se trabalhar...
A.ROSA – (aborrecida) –vovó! Pare com isso, a gente tá só conversando!
M. BARBARA – Já disse... Esse moço Aninha, já tem até fama de bêbado, só sabe ir na rua para bater badalo e tomar pinga! Senhor Dias é que é homem digno!  (se retirando) não quero voltar aqui e ver essa conversa!
RAIMUNDO – Arre! Eu não aguento mais essa lacraia da tua vó! É horrível! Já pensei demais em me mudar daqui!
ANA ROSA – Calma Raimundo! (sorrindo) E você acha que gosto disso? (entregando-lhe as mãos) – Olha, como minhas mãos estão frias!
RAIMUNDO – (tocando discretamente as mãos de Ana Rosa) – Sim (sorrindo) – Entendo... são emoções...
* Chega o moleque Benedito
BENEDITO – (para Ana ) – Iáiá, Senhor chegou do armazém e lhe chama lá no quarto de sinhá Barbara..
ANA ROSA – (assustada) – Já vou! (para Raimundo) – que será?
RAIMUNDO – Vai lá! Vou sair pra rua! (os dois se retiram).

*As luzes se apagam para a mudança de cenário.

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*No quanto de Bárbara está Manoel conversando com a sogra quando entra Ana Rosa.
MANOEL – Ana minha filha, vamos ter que tomar uma decisão, compadre Diogo tem me aconselhado, o seu médico tem me aconselhado, até Raimundo já insinuou...  Amanhã vem um vendedor do Armazém Paraíba trazer aqui em casa umas amostras de tecido para a noiva mais bonita desse lugar escolher o tecido do seu vestido de noiva.
ANA ROSA – (alvoroçada) - Quem é que vai casar papai?
MANOEL – Não se faça de desentendida dona sonsa! Quem de nós aqui tem mais cara de noivo – eu ou tua avó?
ANA ROSA – Eu? Casar? Mas com quem papai?!
MANOEL  - (muito satisfeito com a reação positiva da filha, rindo) – Ora, com quem havia de ser minha disfarçada, senão com o nosso Dias?
ANA ROSA – (irritada) – Com o Dias? Isso não tem a menor graça!
MANOEL – Com não tem graça? Vossemecê disse que o aceitava para marido! Que diabos quer dizer essa mudança? (olhando para o lado) Já vi que o fardo vai ser pesado! Bem que o compadre me preveniu!
ANA ROSA – Não sei o que o padrinho lhe disse, mas o que eu lhe digo papai, é que definitivamente não me casarei com o Dias!
MARIA BÁRBARA – Isso tá cheirando mal! Essa menina tá meio avoada Manoel!
MANOEL – é... uma hora diz uma coisa, outra hora diz outra coisa... há uns dias atrás me respondeu: “pode ser” e agora dizes que não! Sabes que só quero a tua felicidade, não te contrario, mas tu também não deves abusar!...
ANA ROSA – mas o que foi que eu fiz?
MANOEL – Não estou dizendo que fizesses alguma coisa! Só te aviso que prestes toda atenção na tua escolha de noivo! ...Nem quero imaginar que serias capaz de escolher uma pessoa indigna de ti...
MARIA BARBARA – (aproximando carinhosa de Ana) – Ora seu Manoel,  uma menina educada por mim, ia olhar pra quem?
MANOEL – Bem... bem... Eu não digo pra ofender, mas temos cá um rapaz bem parecido que...
MARIA BARBARA – (irritada berrou) – Um cabra! E era muito bem feito que acontecesse qualquer coisa, para  ter mais cuidado no futuro com suas hospedagens! Deveria era despachar esse mulato pra bem longe e rápido!
MANOEL – Pois bem! Pois bem, senhora! Amanhã mesmo tratarei disso!
*Ana quis sair do quarto mas o pai interrompe.

MANOEL – Ouça!
MARIA BARBARA - (empurrando a neta para fora do quarto) – Vai-te filha! Reza a Virgem Santíssima para que te proteja e te dê juízo.
*Apagam-se as luzes para mudança de posição dos objetos do quarto para o quarto de Raimundo.

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*Raimundo entra no quarto, encontra seus pertences todos revirados (mala, livros, álbuns, envelopes) , roupas jogadas em cima da cama e sobre o travesseiro um atracador de cabelos com veludo. Escondeu-se atrás da cortina ao pressentir que alguém  forçava a porta para entrar. Ana após olhar seus pertences, pegou um livro e sobre a cama começou a folheá-lo, até que fica abismada com uma imagem.  Raimundo saiu bem devagar de onde estava e ficou atrás de Ana que ao pressentir olha para trás, solta um grito e tenta fugir.

RAIMUNDO -  Tenha a bondade de esperar...
ANA ROSA – Deixe-me ir, pelo amor de Deus!
RAIMUNDO – Não senhora, há de ouvir-me primeiro. Pesa-me muito mas tenho que repreendê-la.
ANA ROSA – Deixe-me em paz!
RAIMUNDO – A senhora sairá desse quarto prometendo que não tornará a fazer o que tem feito! Já pensou se descobrem essas suas visitas aqui no meu quarto? O que seria de mim e de você? Peço-lhe que retire-se e nunca mais volte aqui assim novamente
*Ana Rosa de cabaça baixa começou soluçar em prantos como criança inconsolável.
RAIMUNDO – Pare de chorar! Que tolice é essa? Não seja criança! (arrependido de ter sido grosseiro) – Não chore mais!... Que imprudência a sua!... Lembre-se que está no meu quarto... tenha a bondade – retire-se. Não fique ressentida, mas vá, que podemos comprometer-nos muito seriamente!... (redobrando o choro) – a senhora não tem motivo pra chorar!
ANA ROSA – Tenho sim. Eu o amo muito, muito, entende? Desde que o vi! Desde o primeiro instante! E, no entanto meu primo nem... (dispara no choro novamente).
*Raimundo desiste de fazê-la parar o choro e sentia que também gostava muito de Ana.
RAIMUNDO – (acarinhando os cabelos de Ana) – Mas prima querida, o fato de amar-me não é motivo de choro, se choras alto chamará atenção das pessoas... –Devemos nos alegrar! (afastando-se) – Veja como estou satisfeito! Sabe, o que devemos fazer? Nos casar, não achas?
*Ana Rosa tirou as mãos do rosto e encarou Raimundo, feliz e abraçou-o amplamente, pousando a cabeça no seu ombro, estendendo-lhe os lábios.
ANA ROSA – (oferecendo os lábios a Raimundo) – Beije-me Raimundo, por favor, beije-me!
+Raimundo dá-lhe um beijo tímido (selinho), Ana segura-lhe com força e beija-lhe por duas vezes.
RAIMUNDO – (desprendendo-se dos braços de Ana com delicadeza, beija-lhe respeitosamente as mãos) – Agora saia do meu quarto Ana Rosa, será melhor que saia sem que ninguém note sua presença.
ANA ROSA -  Quando me pedes a papai!?
RAIMUNDO – (ansioso para que ela saia logo) – Na primeira ocasião eu peço, te prometo, mas não voltes aqui, hein?
ANA ROSA – (muito feliz) – Sim meu amor, não volto! (se retira).

*APAGAM-SE AS LUZES PARA A MUDANÇA DE CENÁRIO.


CENA 3

CAPÍTULOS: 7, 8 e 9

Componentes: Mayra Larissa, Gabriel Martins, Francisco Ronielio,  Aline da Silva Sousa, Danyelle.
Personagens: Raimundo, Manoel, Maria Bárbara, Ana Rosa, D.Amancia, Sebastião, Eufrasina, Maria do Carmo, Eufrásia, Etelviana, Benedito.

*No sítio de São Bráz: Na festa de são ao som do forró pé de serra.
Raimundo - Sabe? Você esta bonita como nunca minha prima!
Ana Rosa - São os ventos de junho! Limparam-lhe os olhos ...
Raimundo - Quer que confesse uma coisa? Não sei que singular efeito me produz esta manhã!...È esquisito mas eu mesmo me desconheço! Sinto-me disposto a ser feliz, sinto-me capaz de ama-la, minha querida prima.(Ana Rosa de cabeça baixa envergonhada).
*Dona Amancia chama os primos para o café e na mesa continha :Bolos, sucos, leite, bananas,etc.
Caixeiro - Você não se apronta seu Dias? Você não vem conosco a quinta?
Dias - vão indo, que ja vou.
*Enquanto Dias escora a vassoura  no queixo o caixeiro  retira-se, e Dias desconfiado sai em outra direção.(e retira-se do palco)
*Na mesa (em cima do palco conversa emprovisada a respeito da festa e da comida).
Sebastião - O forró pé de serra que venha o forró.
Maria Bárbara - (bate palmas)-Olá pessoal vamos parar o forró para dar inicio a ladainha.
*Raimundo ao lado de Ana Rosa, acende no seu charruto os fogos que ela tocava, e falava baixinho  em casamento.
diôgo - Vamos começar a ladainha.
*Todas as pessoas se ajoelham-se no palco.
Padre Diôgo - Pai nosso que estas no céu vem a nos ao  vosso reino sejas feito a vossa vontade assim na ter..
*A reza é enterrompida pelo zunzum.Maria do Carmo passa mal.
Etelvina - O que terá minha tia ? (Exclamou alvoroçada).
Lindoca - O que é?
Eufrasia -O que foi?
Ninguem sabia. Entretanto Maria do Carmo ajoelhada imóvel com o queixo enterrado entre as clavículas e uma imobilidade imovel aterrado no olhar. As sobrinhas pusseram-se logo a chorar.Ana Rosa, Eufrasia e Lindoca.
*Raimundo abriu caminho e suspendeu-lhe a cabeça da doente e ao solta-lha uma colfada de vômito podre jorrou pelo corpo da velha levarram-na para o quarto deitada em uma cama a doente soava frio  e chamaram logo um médico, mas crescia novamente as agonias e deu-lhe um arranco da cabeça aos pés  e ficou logo imovel. Raimundo pediu um espelho e colocou defronte da boca de Maria do Carmo observou-o e depois diz estas morta. Etelvina caiu para traz num grito hestérico. em menos de duas horas Maria do Carmo estendia-se em um sofa. Lavada , penteada e vestida de novo.(as luzes se apagam para a mudança do cenário)
*Dias aproveitando a ocasião seguiu para o qurto de São Raimundo farriscando, nem ele sabia o que.vasculhou tudo e encontrou um folheto de capa verde que estava em uma mala  guardou-o  logo depois de ter lido o frontispicio. Dias teve uma ideia afinal acendeu uma das velas grossas que se encontrava ali e tisnou-lhe a cara e a careca de são raimundo. Dias (contempla sua obra rir debochando) nossa seu raimundo como você ficou lindo (poe o santo no lugar) fique ai quietinho ( e se retira). Raimundo é desmascarado pela sogra de manoel, que ele é maçônico e ela acaba contando ao padre e provando-o tudo isso após o enterro de Maria do Carmo. Raimundo,  deante de momentos ruins, pergunta ao padre.
Raimundo - O que devo fazer ´padre?
Padre - Ofereça uma missa a são raimundo.uma missinha cantada. 
*Logo após um acontecimento inesperado surge a sogra de manoel,padre já descobri tudo!o cabra raimundo é "bode" (maçonico).
Padre - mas isto é serio?(pergunta assustado).
Maria Bárbara - veja isto (provou assustada).
*Então com as coisas secetas de raimundo ela provou ao padre que ele é maçôico ela estava horrorizada ao mostrar  as coisas maçônicas,por fim o padre diz depois de tais provas .
Padre - sim senhora! tem toda razão ...é preciso por esse homem fora de casa (...).
*Manoel ao ficar sabendo disso ,concordou que manter Raimundo  na família era um perigo. Raimundo, então, prestes a viajar diz ao povo: Ate que afinal ia visitar o lugar em que dizem ter nascido. Manoel conversou com ele sobre a viajem.
Raimundo - olhe tenho um pedido a fazê-lhe.
Manoel - se estiver em minhas mãos...  
Raimundo - Está...em viagem para rosário conversaremos..
Manoel - (...) (coçando a nuca)..


CENA 4


CAPIUTULOS: 10, 11, 12, 13 e 14


ANTONIO RAYRON MOURA ARRAIS
CLAUDIANE MELO DA SILVA
KAINA SANTOS MACIEL
VITÓRIA CRISTINA DE ALMEIDA MACEDO
ELINETE SALDANHA OLIVEIRA

- Manoel Pescada / Raimundo / Portuguesinho.

* Manoel e Raimundo entram no palco pelo meio do povo, encontram-se com o Portuguesinho amigo do Manoel.

   Portuguesinho - Ei você não e o Manoel? (Manoel afirma que sim com a cabeça) - Meu amigo como você ta diferente !.
  – Venham cá, vamos até minha casa, descansar um pouco, depois vocês seguem viagem.

*Ambos aceitam o convite. A noite puseram-se a conversar, e o que falava com mais entusiasmo era o portuguesinho. 


Raimundo ( interrompendo o portuguesinho) -> Vossemice conhecia a antiga fazenda de São Brãs.?

   Portuguesinho – São Brás! Se conheço ! E por aqui vossa Senhoria não encontra quem não saiba a historia dela !
   Raimundo ( com muita curiosidade ) – Tenha então a bondade de me contar!
  * Manoel adormeceu.

   Portuguesinho – Pois  V, sa. Não sabe a historia de São Brãs?... Valha-o Deus, meu caro senhor, Eu vou ensinar-lhe a rezar que aprendemos com o nosso santo vigário, Olhe ! quando v. Sa. Topar uma cruz na estrada, apele e reze, e ao depois siga o seu caminho por diante, repetindo sempre:
 
  Por São Brás !
   Por São Jesus !
  Por São aqui !
  Sem levar a Cruz. 
 Repita isso até as mangueiras do Barroso, a parti dai não se preocupes mais.

Raimundo – Mais por que tudo isso?
Portuguesinho – É por causa de uma alma danada que assombra essas paragens!
Raimundo – De certo ! Mas diga-me esse José do Eito de que falou não se chamava José Pedro da Silva?.
Portuguesinho – Justo ! V.Sa... O conheçeu?...
Raimundo – De nome.
Portuguesinho – Pois eu conheci perfeitamente.
Portuguesinho – Mas sabe que pode informar bem essas coisas? E o Sr. Vigário ! Ele ainda vive na cidade, hoje e conêgo.
Raimundo – o Conêgo Diogo?
Portuguesinho – Sim. Ele que era o vigário desta freguesia. Ele que viu a danada da alma. 

*Os dois bocejando de sono já não conseguem continuar a conversa e acabam pegando no sono.


*  As luzes se apagam para a mudança de cenário.

*************&&&&&&&&&&***********
                      
*Os 3 homens inquietos na mesa do café conversam:

Raimundo - Temos Conversado tanto e até agora não tratei o que mais me interessa...
Manoel – Trata-se de alguma questão comercial?
Raimundo – Não senhor, trata-se da minha felicidade...
Manoel – É a mão da minha filha que deseja pedir?
Raimundo – (Todo sem jeito) É...
Manoel – (Com grosseria ) Entao... Tenha a bondade de desistir do pedido...
Raimundo- Porque?
Manoel (Com o tom da voz manso) Para poupar-me o desgosto de uma recusa...
Raimundo – Está já comprometida com o outro, já sei mas neste caso esperarei, resta-me ainda a esperança
Manoel – Não é isso... peço-lhe que não insista... sei que o senhor tem direito a uma explicação, mas acredite que apesar da minha boa vontade... não posso dar...
Raimundo – Ora esta! Mas então porque é?...
Manoel – Não posso dizer nada, respeito! E peço-lhe de novo que não insista... Esta posição é para mim um sacrifício penoso, creia !
Raimundo – De sorte... o senhor me recusa a mãe de sua filha definitivamente?
Manoel – Sinto muito, porém... Definitivamente... 

*Apagou-se as luzes para a mudança de cenário


************&&&&&&&&&&&&&**************

·  É noite, Raimundo a Manoel entram batem à porta, aparece um homem com uma tocha na mão.

Manoel – Boa Noite, tio velho !
Cancela – D’es- b’a – Noite, Branco !
Cancela (gritando) Ora viva! Então veio ! (Cumprimentando-o).
Manoel – Esté e o Mundico de que lhe falei Cancela. O filho de Zé, meu irmão.
Cancela – Com os Diabos ! (sorrindo). Você e seu compadre falaram-me em um  menino...
Manoel – Sim ! Há doze anos.
Cancela – Olha o demo ! (para Raimundo) – Pois seu Mundiquinho, aperte essa mão que é de um antigo amigo de seu pai.
 
*Manoel pega o cachimbo do bolso, acende, tira umas polmadas, convida cancela a acompanhar, quando ouve-se o canto agorento do rasga mortalha.

·  Manoel ao ouvir o canto do pássaro, comenta:
 Manoel – Isso me faz lembrar as histórias de assombração que contam desta fazenda.
 Cancela – Há meus amigos!... Isso já é historia repetitiva. Acho melhor os senhores irem descansar já é muito tarde e vocês passaram por uma longa viagem! .
 Raimundo – De certo. Também acho que devemos.
 Manoel – Então Vamos! (Retiram-se de cena). 

*As luzes se apagam para a mudança de cenário.


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·  Acende se as Luzes.

 Raimundo (Revira-se na cama  Ouvindo roncos de Manoel, levanta-se, senta na cama acende o cigarro, quando ouve o grito do pássaro rasga mortalha, fica assustado mais ainda quando ouve vozes, ora de lamentações, hora de revolta, ora de ternura).
- Quem está ai ! ( Raimundo fica cada vez mais inquieto e assustado procurando e seguindo as vozes.)

 Fantasma – Fiiiilhooo onde si colba ba ba... Raimundo dor dor dor...
 Raimundo (assustado) – Quem está ai ! Quem? Fale seu nome? Será que tô sonhando?
 Fantasma DOMINGAS – Maldito! Ô ô ô ô  ê ê ê ê ê... Maldito Diogo ôgo era... era... diabo quitéria Qui téria maltida ita ita ita brás do nada... terra do nada ada... ada...
 Raimundo – Olá! Quem está ai ! Me responda ! 

*Acontece um minutos de silencio total enquanto Raimundo atravessa o palco bem devagar como se procurasse alguém, o fantasma o segue sem que ele perceba 

RAIMUNDO Isso só pode ser assombração aqui não vejo nada. (vira-se para voltar quando vê o fantasma ás suas costa ) – (mesmo depois do grande susto o fantasma foge e Raimundo o persegue em vão, retorna para sua cama quando chega Manoel chamando-o.

  Manoel (chamando) – Raimundo, já acordado?
  Raimundo (levantando) – Sim, não durmi a noite inteira (conta de improviso sobre o fantasma). 

*Entra Cancela.


  Cancela – Há mundico, já entendi !. Devia ser alguma dessas pretas velhas, engregadas aos ranchos da fazenda e que naturalmente estava bêbada.
  Manoel – mais vamos deixar esse assunto para outrora. Se apronte, quero levar-lhe a capela. 

*As luzes se apagam para a mudança do cenário.


**************&&&&&&&&&&&&*************


*Os dois entram no cemitério, Manoel apontou para uma velha sepultura, e disse ao outro com respeito.

 
   Manoel – Ali está seu pai ! 

*Raimundo se aproxima do tumúlo, abaixou-se e tenta ler o nome que está escrito na cruz. Raimundo não conseguiu ler nada, pois o tempo já havia apagado. Enxugando sua lágrima Raimundo dirigi-se a capela.
·  Raimundo em frente a capela pára um pouco enquanto levanta a cabeça olhando para o céu de repente um vulto aparece por trás “ deixando Raimundo estático”.
·  Raimundo vira-se e descobre que o vulto pertencia à louca. A louca vai em direção a Raimundo de braços abertos, o mesmo se afasta com repugnância. 
    
  Raimundo – (para a magrela) - Conheceste quem morava naquela fazenda?

*A negra magricela olhou para ele, e riu sem responder.

  Raimundo – Não conheceste o José da Silva?

*A louca continuou a rir

  Raimundo – Responde-me mulher !

*De súbito, a doida deu um salto sobre ele, tentando abraçá-lo; Entao Raimundo muito nervoso repeli a louca bruscamente e corre em direção a Manoel, já no cemiterio, a louca alcança o novamente.

  Raimundo – Não me toques ! (gritava com raiva enquanto levantava o chicote)

*Manoel corre em direção aos dois e a impede que Raimundo bata na louca segurando sua mão.

Manoel – Não lhe bata, doutor! Não lhe bata, que é doida ! conheço-a ! Vá embora! (Referindo-se a louca).

*Ela se retira de cabeça baixa.

  Raimundo – ( Depois de se acalmar ) – Quem e ela?
  Manoel – (  Hexitando ) – Esta pobre negra... Foi escrava de seu pai.
*Depois de manoel abaixar a cabeça desconfiado, por um certo tempo, ele olha em direção a Raimundo e diz:

  Manoel – Vamos ! (enquanto lança um sorriso sarcático).
  Raimundo – Espera um pouco ! Eu nasci escravo?
  Manoel – Sim, o senhor nasceu escravo e também vem a ser por esse motivo que lhe recusei a mão da minha filha.
  Raimundo – Então era isto. Tudo pelo respeito da sociedade maranhense. (Raimundo soltou um riso zombeteiro).
 
·  Raimundo Conforma – se temporariamente. Passa um certo tempo de cabeça baixa e volta a falar.

  Raimundo – Mais então que fim levou minha mãe? ... Mataram-na? Venderam-na?
  Manoel – Nada disso! Soube ainda há pouco que está viva... É aquela pobre louca do São Brás.
  Raimundo Meu Deus ! (exclamou querendo encontrá-la novamente)
  Manoel – Que é isso? Vamos ! Nada de loucura ! Poderá encontrá-la em outra ocasião, ela sempre anda por estas bandas.

·  Calaram- se ambos e apagam-se as luzes.
  
* Manoel sentado numa cadeira, enquando Raimundo entra pra falar com ele.
Raimundo - Senhor Manoel preciso partir o mais cedo possível.
Manoel - Mas porque Mundico?
Raimundo - Não posso mais ficar nesta casa, pois estou envergonhado com esta situação.
Manoel - Mas isso não é motivo para você ir!
Raimundo - Eu sei! mas já me decidí
Manoel - Como quiser!... Mas saiba que minha casa vai estar sempre as ordens...
Raimundo - Obrigado! Posso contar que o amigo vai explicar tudo a sua filha?
Manoel - Pode ficar tranquilo!
Raimundo - Até a vista!
Manoel - Até!

* Manoel depois de um certo tempo sentado na cadeira, percebe Ana Rosa passar por traz dele.

Manoel - O que aconteceu minha filha?
Ana Rosa - Escultei uma voz! De quem era papai?
Manoel - Era a de Raimundo!
Ana Rosa - Raimundo? 
Manoel - Sim! E ele deixou um recado pra você!
Ana Rosa - Recado? Que recado?
Manoel - Ele foi embora e me encarregou de falar isso para você!
Ana Rosa - Embora? Como? Pra onde? (assustada e iniciando um choro)
Manoel - Calma minha filha!
Ana Rosa - (estérica e chorando descontrolada) Mas como ele me abandona assim? Ele disse que me amava? Como ele fez isso comigo?
Manoel - Calma! Calma Anica! Ele fez o que era certo!
Ana Rosa - Certo papai?

* Ana rosa tem um ataque estérico e começa a se debater e chorar descontroladamente. Manoel chama ajuda para segura-la.

Manoel - Vamos levar ela para o quarto! Amanhã já deve estar melhor!

         
       APAGAM-SE AS LUZES         




CENA 5

Equipe: Renato, Thaís,Elinete
Capitulos de Referencia: 15,16,17

*O dia começa a raiar e Ana Rosa aparece na sala com cara de quem passou a noite chorando, onde está sua vó sentada na cadeira preguiçosa arrumava os cachos olhando-se no espelho que  Brígida segurava.

BRIGIDA - (para Ana) - Sinhá! Como você está pálida! 

MARIA BARBARA -(preocupada leventando-se em direção a Ana) - ô filha venha cá senta aqui, o que está sentindo? Você não dormiu bem ... (para Brígida) - Brígida, pega lá um copo de leite pra ela, rápido! (sente a temperatura) - Ela está queimando em febre! Você precisa ficar descansando até essa febre passar.

ANA ROSA - (recebendo o copo com leite da mão da avó que recebeu da criada) - Vó eu preferia ouvir as piores coisas de Raimundo mas eu não vou suportar que tenha me abandonado, porque vó? porque ele foi tão ingrato! ele é muito mau vó!

MARIA BÁRBARA - Calma filha! Eu te avisei que ele não prestava, você que não quis me ouvir, agora pensa só no senhor Dias, ele é o homem certo pra você.

ANA ROSA - Ele dizia me amar vó! Como foi cruel!

*Num alvoroço entra de repente Raimundo na sala, Ana quase desmaia de susto. Ficou estática e ia fugir ...
RAIMUNDO -(sufocado de tanto cansaço impede que Ana saia da sala) - Ana, minha querida, me ouça... (comovido, quase chorando) - Não podemos mais nos ver, nunca mais. (discretamente tira a carta do bolso e a entrega em cochichos) - essa carta, mas só depois que eu tiver partido. Adeus!

* Raimundo tomado de angústia toma as mãos de Ana Rosa e beija várias vezes, depois sai numa carreira estonteante pelo meio do público, se esbarrando em tudo pela frente.

ANA ROSA -(grita desesperada, chorando) - Raimundooo 
MARIA BÁRBARA - (sorri com deboche) - De que adianta chorar minha neta? Ele vai mesmo embora ... e eu achando que esse traste já estivesse bem longe daqui! Negro petulante! Ainda bem que vamos nos livrar desse encosto Brigida!

*Brigida e Barbara se retiram e Ana Rosa se prostra no centro do palco chorando, de repente para o choro e do seu seio retira a carta, abre bem devagar e lê.

 ANA ROSA - (enquanto lê a carta vai se reanimando até que ao terminar dá saltos de alegria) - Ah! Ele me ama! Mas como eu poderia deixar ir se me ama! Não, não vou deixar que se vá! (grita) - Brígida, ô Brigidaaa! A que horas sai o barco para Portugal?

BRIGIDA - Ah essa hora já saiu sinhá!

*Ana anda de um lado para o outro, impaciente.

ANA - E onde está papai?
BRIGIDA - Acho que saiu para as compras sinhá!  
ANA - Diabos! Eu tenho que correr! Talvez eu ainda alcance!

* Raimundo está de um lado na platéia e quando Ana desce do palco para seguir em direção do corredor Raimundo a chama.

RAIMUNDO - Ana!... Ana!
ANA ROSA - (assustada aproxima-se e quase num grito) - Raimundo! Você... (puxa-o pelo braço em direção ao palco) - suba! Suba pra cá! Suba por amor de Deus!
RAIMUNDO - E seu pai? 
ANA ROSA - Ande! Venha! Preciso lhe falar!

* Ana o puxa violentamente e Raimundo se deixou arrastar.

RAIMUNDO - (enquanto os dois se entreolhavam) - Desculpe minha senhora, porém seu pai onde está? Vinha pedir-lhe suas ordens...

ANA ROSA -  (atirando-se ao pescoço de Raimundo) - Não partirás, ouviste?
RAIMUNDO - Mas...
ANA ROSA - Não quero! Dissestes que me amas e eu serei tua esposa, haja o que houver!
RAIMUNDO - Se fosse possível!...
ANA ROSA - E porque não? Que tenho eu com o preconceito dos outros? Só posso ser tua e de ninguém mais!

*Raimundo tentava se afastar das mãos de Ana.

RAIMUNDO - Não deveria ter lido a caarta antes que eu partisse.
ANA ROSA - Vamos fugir Raimundo! Pra onde você quiser e fazes de mim o que bem entenderes.

   * Raimundo quase não se segurava em pé de tanto nervoso estava imóvel, e quando Raimundo tenta fugir Ana o impede implorando e insistindo que fique com ela.

ANA ROSA - (prostrando aos pés de Raimundo) - Leva-me contigo! Eu despreso tudo mas preciso ser tua (espalmando o rosto nas mãos) - Por favor Raimundo não me abandones!
RAIMUNDO - Ana Rosa, não chore, lenvanta-te pelo amor de Deus!

* Ao som de uma sirene do paquete Raimundo tenta sair e Ana o impede abraçando forte, os dois ficam em silêncio, enquanto Ana rosa chora Raimundo faz carinho na sua cabeça

RAIMUNDO - Não chores minha querida, não sofra assim!

 *Mais uma sirene do navio ecoa no ar.
ANA ROSA - (já mais calma) - Tu és um fingido, diz que me amas mas me abandona. Tu não mereces a metade do que fiz por ti.

*Ana chora como uma criança magoada e  Raimundo a acaricia já sem forças para sair, os dois se acariciam e aos poucos vão se entregando um ao outro.

 _______________***********_________________

* As luzes se apagam para a troca de cenário - de um lado do palco o quarto de Ana Rosa - onde ela se encontra deitada com roupas de dormir e alguém bate na porta, Ana levanta-se e vai atender mas logo retorna para a cama. Do outro lado a sala.


MANOEL -  Que tens tu Anica?

ANA ROSA - (sem olhar para o pai) -  nervoso!
MANOEL - Recomendações de Mundico!
ANA ROSA - Como?
MANOEL - Ele se foi!
ANA ROSA - (fingindo se desespero a estribuchar) -  Miserável!
MANOEL - (surpreso) - Que é isso filha? (tentando segurá-la para impedir os movimentos bruscos grita) - Bárbara! Brígida! 

*As mulheres aparecem no quarto e todos juntos dominam Ana e juntos forçam o seu corpo a ficar quieto até que ela dorme e todos saem do quarto.

* Na sala Manoel encontra Diogo, se cumprimentam, e depois de alguns cochichos

CÔNEGO DIOGO - Compadre, é melhor continuar fingindo que Raimundo partiu.

MANOEL - Por que padre? 
CÔNEGO DIOGO - Ora, você sabe, será melhor para todos nós...
MANOEL PESCADA -  Você está certo... Minha filha é adorável padre, simples... Só tenho a agradecer........ ÓÓÓÓÓ Deus obrigaaaaada...

*O Cônego vendo sua exaltação por sua filha resolve perguntar..

CÔNEGO - (curioso) - senhor Manoel, você já pensou com quem Ana Rosa se casará um dia?

MANOEL - Ah sim.. seria de meu agrado que se casasse com Dias.

CÔNEGO DIOGO-  Com o Dias senhor Manoel? 

MANOEL - sim com Dias. Ele é um moço bom, dá pra juntar os trapos com minha filhinha...É ou não é padre?

CÔNEGO DIOGO - É compadre Manoel, já que o senhor tá falando... quem sou eu pra contraria-lo! (sorrisos).

*O Conego se despede de Manoel


CÔNEGO DIOGO - Bem compadre, tenho que ir agora, amanhã é domingo e tenho que preparar a missa, depois a gente conversa, já moro quase aqui mesmo, mas olhe vão a missa, faz bem pra alma!


MANOEL - Por certo compadre... por certo... até amanhã!


* Os dois se retiram e as luzes se apagam para a mudança de cenário.


***************$$$$$$$$$$$$****************


*Na sala está Ana Rosa, Manoel lendo o seu jornal, Eufrásia e Maria Ducarmo...


EUFRÁSIA - Ai amiga, esse teu primo é tão lindo! Nossa! Mas nunca me dá bola, sabe, se ele me desse pelo menos uma piscadinha eu cairia em seus braços.

ANA ROSA - (enciumada) - De novo esse assunto Eufrásia? Deixa de ser assanhada? Você não disse que ia ter com Maria Ducarmo?

EUFRÁSIA - (sorrindo) - Não Aninha, vou mais não, ela foi visitar uma parenta em Rosário, nem sei quando volta... (olha para Ana) - Como você tá pálida minha amiga? Você está se sentindo bem?

ANA ROSA - (sorrir sem vontade) - Claro que estou bem, só queria ficar sozinha, só estou cansada...

DONA AMÂNCIA - (para Eufrásia) - Vamos Eufrásia, tenho que passar na igreja ainda (as duas encenam conversa em gestos).


ANA ROSA - (afasta-se um pouco) - ai que pontada no coração... será que vai acontecer algo? Que besteira minha...(mordia os beiços e sorrindo contrariada para a visita inesperada) - Que diacho, o tempo tá passando e elas não param de falar....

*O relógio bateu em badalada. Eram sete e meia da noite, Ana Rosa faz um gesto dando um murro em sua própria cabeça.

ANA ROSA -  que "diabo!" 


DONA AMÂNCIA - (percebendo a atitude de Ana) - Que foi Aninha? Você está bem?

ANA ROSA - (disfarçando em sorrisos) - E por que não estaria? Eu estou ótima! Só vou dormir mais cedo hoje.
MANOEL - (bodejando e com os jornais) - Bom, D.Amância dá lincença! (recolheu-se para o quarto).

ANA ROSA - pai obrigada por tudo!
MANOEL pelo que minha filha?
ANA ROSA -  por nada pai, por nada....
DONA AMÂNCIA - eu também já me vou chegando....
EUFRÁSIA - Eu também ...
ANA ROSA - Já?.....(balbuciou a moça por delicadeza)

*As visitas tornaram a sentar-se Ana Rosa sentiu impetas de estrangula-lá, não tirava os olhos da rua...

MARIA BARBARA - (aparece na porta) - oi D.Amância!

*Amância levantou-se e despediu-se....Mas já na porta ouve a voz de Maria Bárbara chamando-a de volta, Ana Rosa quase perde os sentidos, deixou-se cair em uma cadeira. As duas senhoras entabularam nova conversa.

DONA AMANCIA -  bem, bem, adeus minha vida! Tenho que ir agora, não posso perder o sermão de hoje. (Amância beijoca a cara de Maria Bárbara, Eufrásia também se despede e se vão).

*Todos se retiram do palco.


ANA ROSA -  até que enfim! (inspirando profundamente.)

*Ana Rosa correu para o quarto pegar alguns trajes, retorna ao palco e encontra Raimundo a sua espera... 

ANA ROSA - (jogando-se nos braços de Raimundo) - ai meu DEUS que felicidade!!! (abraçados) - Parece até que estou sonhando meu amor! Mas se isso for um sonho não quero acordar nunca mais!

RAIMUNDO - (ansioso e preocupado) - Sim Ana, isso tudo é verdade, vamos para bem longe dessa gente preconceituosa... Vamos ser muito felizes!


*Do lado de fora (abaixo do palco) está o Conêgo Diego e o Dias, acompanhados por quatro soldados de polícia, interrompem a passagem dos dois. 

CÔNEGO DIOGO -  (debochando de Raimundo) - Então você achava mesmo que iriamos deixar você levar Ana Rosa daqui seu petulante?

ANA ROSA - (muito nervosa) - Raimundo não tem nada a ver com isso eu que o convidei...
C. DIOGO - (irritado) - mentira! Eu sei tudo Ana Rosa! Sei de todas as cartas que ele te enviou!

* Ana Rosa e Raimundo se abraçam em desespero, Dias puxa-a pelo braço.


ANA ROSA -Maldita Mônica! Só pode ter sido ela! (chorando para Dias) - Larga-me! Me deixa em paz! Eu amo Raimundo, odeio você!

DIAS - (gargalhando) - Não Rosinha, seu pai quer o nosso casamento, eu quero você e você vai ser minha e esse mulato safado vai embora pra sempre daqui, mas sem você.

*Ana Rosa forçadamente se sai das mãos de Dias e corre para os braços de Raimundo novamente enquantoele fala


RAIMUNDO - (quase impedido pelos guardas) - Calma minha querida eu não vou deixar você sozinha. Nunca vou me separar de você, vou mas eu volto, eu prometo!


*Os guardas se retiram com Raimundo e Ana Rosa entra em casa chorando

CONEGO DIOGO -  (para o caixeiro Dias) - E as cartas Dias? Você guardou todas como combinamos? Chegou-se a vez, meu amigo, é agora! Precisamos da última carta!
CAIXEIRO DIAS - e por que afinal não precisamos das outras?
CONEGO DIOGO - por que as ourtas cartas são simples palavrórios de namoros; não vale a pena arriscar-se por elas.
CAIXEIRO DIAS - por que você não quer que  leio as primeiras cartas de  Raimundo?
CONEGO DIOGO - olha é melhor deixar tudo como está, para evitar escâdalos.

*O caixeiro se afasta do Conego muito desconfiado.


CONEGO DIOGO - (fala consigo mesmo!) - que trouxa acha mesmo que vou correr o risco  de que nelas possam está revelações surpreendentes.(dá uma gaitada de deboche, mas fica preocupado) - será que nas primeiras cartas, tem alguma coisa falando a respeito do crime de São Braz ou a respeito de meu interesse em Ana Rosa?


*Apagam-se as luzes



*Raimundo entra pelo meio da plateia, olhando para os lados na impressão que alguém o seguia.

RAIMUNDO – (embriagado) - Nossa! Como eu estou cansado! Preciso de uma boa noite de sono, (cantarolando) - Ai minha Rosa! Rosinhaaa! Você vai ser só minha e o Dias vai se danar... (gritando)  - Ô Dias, seu vagabundo você perdeu, estou aqui livre e solto para minha Rosa, entendeu? (boceja espreguiçando e quando está quase subindo no palco...).

*...Um tiro ecoa no ar e Raimundo cai ensanguentado, Benedito aparece e encontra-o no chão.

BENEDITO – (grita) Meu Deus! Senhor Mundico! (sacode o corpo) – Seu Raimundo! ...Está morto? Seu Raimundo tá morto! (sai correndo sube no palco para avisar Manoel que está em sua casa).

BENEDITO – (ofegante) - Raimundo morreu seu Manoel !!
MANOEL – (assustado) – O que tu tá me falando moleque?
BENEDITO – É... ele tá caído na estrada, lavado de sangue, sem vida! Foi tiro senhor!

*Ana Rosa que acabara de acordar, derruba a xícara de chá e grita.

ANA ROSA - (trêmula grita desesperada) Raimundo!!!!   Morreu ? Não! Raimundo não papai! Como pode? (abraça o pai chorando)
MANOEL – Calma Anica!  Calma minha filha! (afastando Ana dos seus braços) - Foi o destino, ninguém pode ir contra o destino... (Ana desmaia).
MANOEL – (grita) – Mônica! Bárbara! Acode aqui!

*As mulheres aparecem em cena para socorrer Ana Rosa.

MÔNICA - Acorda sinhá!!...Acorda!
BÁRBARA – Mas que desgraça meu pai! Aquele infeliz tinha que morrer desse jeito? Aninha acorde filha! Ai meu Deus! (para Mônica) – paga lá um algodão com arnica pra ela cheirar! Corre! (as duas tentam reanimar Ana enquanto Manoel anda de um lado para o outro)
MANOEL – Será preciso chamar o doutor?
BÁRBARA – Não! Isso logo passa... Vamos levar ela pra cama... (Barbara e Mônica tiram Ana de cena)

*Manoel fala sozinho.
MANOEL – (triste e preocupado) – Quem será que fez isso! Tenho que ir busca-lo pra cá! (para Benedito) – Vamos! (chega Diogo)
CONEGO DIOGO – Quando soube vim correndo! (entra Bárbara)
BÁRBARA – Ô padre... (beija-lhe a mão) – Quero que o senhor reze uma missa na intensão da alma de Raimundo.
DIOGO – Sim dona Bárbara, certamente! Como está Ana Rosa?
BÁRBARA – Sem forças padre! Arrasada! Não sei como vai ser quando chegarem com o corpo...

MANOEL – Vamos compadre, vamos Benedito. (os três saem em direção ao público enquanto Bárbara também sai de cena).

*Entre conversas de improviso os três levam Raimundo até o palco que aos poucos vai lotando de gente (todos os personagens ainda vivos) improvisam diálogos referentes ao morto, quando de repente entra Ana Rosa aos prantos.

ANA ROSA – (com aparência de louca, entra gritando) – Raimundo meu amor! (gargalhadas) – Sabe, nós vamos nos casar lá no céu (risos desenfreados e de repente se vira para o povo) – E vocês hipócritas nojentos! Podres! Nunca o aceitaram como homem! Vocês são imundos preconceituosos! Saiam daqui!

*Tentam segurá-la mas Ana rasga todos com as unhas e de repente cai no chão dando esturros ora de dor ora de raiva, ora chorando.

BIBINA – (grita) – Gente ela está sangrando! Vejam!

TODOS – (admirados) – Sangrando?
BÁRBARA – (envergonhada) – Minha neta! Nunca pensei de passar por isso um dia! Que vergonha!

BIBINAGente acudam Ana, ela está passando mal! Está perdendo é um bebê!

TODOSUm bebê!??
LINDOCAQuem diria né dona Bárbara? A senhora toda certinha (todos dão gargalhadas)

EUFRÁSIA – (defende Ana com irritação e revolta) – Deixem de ser egoístas, não estão vendo que Aninha está precisando de cuidados? Ou vão apedrejá-la por ter amado um homem sem o direito de tê-lo em público como namorado ou como esposo? Que mal há em amar um homem de sangue negro? Se não tivessem impedido o seu direito de amar Raimundo, isso não teria acabado assim...

MANOEL - (grita para todos desesperado) - Aninhaaa! Alguém aí chamem o doutor ................. não estão vendo que minha filha está morrendo? 

VOZ - E assim termina mais uma história de amor onde o preconceito racial maranhense imperou na vida das pessoas sem escrúpulos nem piedade...

*Apagam-se as luzes e novamente se acendem para os agradecimentos dos atores aos aplausos.



FIM



BEM PESSOAL, ATÉ AQUI TIVEMOS VÁRIOS ENCONTROS E FOI UM TRABALHO DE MUITA PERSISTÊNCIA ONDE PERCEBEU-SE MAIOR DESEMPENHO DE ALGUNS E OUTROS ACABARAM SE ACOMODANDO, MAS QUERO AGORA PARABENIZAR A TODA TURMA QUE CONSEGUIU RECONSTRUIR A OBRA, OU SEJA MODIFICAR O FORMATO DA ESCRITA NARRATIVA PARA O FORMATO TEATRAL.
ESPERO QUE TODOS OS COMPONENTES DESSE PROJETO TENHAM A CONSCIÊNCIA QUE SEM UNIÃO, RESPONSABILIDADE E COMPROMISSO SERÁ IMPOSSÍVEL CHEGARMOS AO FINAL OU À CULMINÂNCIA COM UM TRABALHO DE QUALIDADE, POR ISSO VAMOS MARCAR MAIS PRESENÇA, SER ASSÍDUOS E PONTUAIS AOS ENSAIOS PORQUE AGORA É QQUE AA COISA VAI GANHAR MAIS SABOR TEATRAL.
 VAMOS LÁ PESSOAL! LEMBRANDO QUE OS ENCONTROS CONTINUARÃO NOS DIAS DE TERÇA, QUARTA E SEXTA-FEIRA AS 9 HORAS DA MANHÃ  

ABRAÇO A TODOS 
DESSA INSTRUTORA QUE ADORA ESTAR COM VOCÊS.

DALVA SANTOS



































12 comentários:

  1. VAMOS LÁ PESSOAL, ALGUÉM PRECISA TOMAR A INICIATIVA E COMEÇAR POSTAR AQUI O QUE FOR ESCREVENDO DO TEXTO TEATRAL. BOM TRABALHO A TODOS. (DALVA)

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  2. É ISSO AÍ EQUIPE DA CENA 1! PARABÉNS PELO TRABALHO POSTADO! MUITO BOM! AGORA É TERMINAR, ESCOLHER QUEM VAI FAZER OS PERSONAGENS E ENSAIAR. ABRAÇOS DE DALVA SANTOS

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  3. MUITO BOM O TRABALHO DE VOCÊS! PARABÉNS E TODO O MEU RESPEITO E CONSIDERAÇÃO. BEIJOS

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  4. nossa ta muito legal.
    como eu faço pra participar?

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  5. Olá! Que bom que gostou do nosso blog! Se tens vocação para o teatro entre em contato com dona Dalva NA BIBLIOTECA DO Leda Tajra que ela vai explicar como poderá fazer parte dos pŕojetos teatrais nesta escola. Continue seguindo nossos trabalhos pelo nosso blog. Muito obrigada. Abraços

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    1. valeu assim ki eu tiver um tempo eu vou me escrever.
      obs:eu estudo no Leda Tajra.
      ass:Elinete

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  6. Ok Elinete, melhor ainda se faz parte da família Leda Tajra, espero por você em mais um trabalho cooperativo onde os participantes de forma integrada, exercitarão a capacidade de criação, com companheirismo, responsabilidades, compromisso, tolerância e criatividade na prática da socialização necessária na vida das pessoas. Será muito bem vinda! Abraço de Dalva Santos (orientadora)

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  7. Muito bom esse projeto. Espero que no final dê tudo certo e que nos alunos possamos colher bons frutos e que as pessoas gostem e aprovem o nosso trabalho, pois estamos nos esforçando e dando o melhor de nós.

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  8. É isso Vitória! Muito bem! Parabéns a vcs da cena 4 pelo material postado. Agilizar os trabalhos também é fundamental para chegarmos ao sucesso. Abraço

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  9. Parabéns a todas os alunos que até agora desempenharam suas tarefas com compromisso e responsabilidades, certos de que nos trabalhos de equipe, sem ações responsáveis nada se pode construir com eficiência. Que todos vistam a camisa desse projeto com o objetivo de crescimento moral, intelectual e social de todos que fazem parte de mais esse trabalho educativo. Abraço a todos dessa orientadora, Dalva Santos.

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  10. Andei lendo o "script" desse projeto e desa histórica obra "o mulato". Fico feliz em vê-los envolvidos num trabalho tão interessante e realizador como o teatro. Já atuei teatralmente com a sua orientadora Dalva Santos e devo dizer-lhes que estão de parabéns em estarem tendo esssa experiência com uma pessoa essencialmente envolvida e comprometida com o teatro bacabalense. Sigam em frente. Bom trabalho. Estarei na plateia para aplaudi-los.

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  11. Muito obrigada Profº Costa Filho é uma honra tê-lo aqui tbm com a gente. Continue nos seguindo, sua opinião e sugestões são muito preciosas, já que és como todos nós sabemos um ótimo ator, diretor teatral, escritor e professor. Abraços

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